Data:01/05/2020 - Professora: Gilda Mendes - Disciplina: História - Conteúdo: Revolta da Chibata, Cangaço, Semana da Arte Moderna
Bom dia! Queridos alunos, nesta aula daremos continuidade ao conteúdo Revoltas Sociais no período da República Velha. Hoje aprenderemos sobre a: Revolta da Chibata, Cangaço e a Semana da Arte Moderna, este acontecimento a Semana da arte moderna foi o primeiro evento envolvendo Arte no Brasil era um encontro inédito que a partir desse, inicia o envolvimento do Brasil nas Artes de todos os níveis.
A REVOLTA DA CHIBATA
A Revolta da Chibata foi um motim organizado pelos soldados da Marinha brasileira de 22 a 27 de novembro de 1910. A revolta organizada pelos marinheiros ocorreu em embarcações da Marinha que estavam atracadas na Baía de Guanabara e foi motivada, principalmente, pela insatisfação dos marinheiros com os castigos físicos.
Antecedentes
A Revolta da Chibata ficou conhecida por ter sido um motim realizado pela insatisfação dos marujos brasileiros com os castigos físicos que sofriam na Marinha brasileira no começo do século XX. O castigo físico em questão era a chibatada, praticada pela Marinha contra todos os marujos que violassem as regras da corporação.
O uso da chibatada como forma de punição era uma característica que a Marinha brasileira havia herdado da Marinha portuguesa do período colonial a partir de um código conhecido como Artigos de Guerra. Essa forma de punição era dedicada somente aos postos mais baixos da Marinha, ocupados, em geral, por negros e mestiços.
A insatisfação dos marujos com os castigos físicos e com o rigor da Marinha era crescente. Relatos contam que, pouco antes da revolta, durante uma viagem nas proximidades da costa chilena, os marujos haviam demonstrado insatisfação com a punição dedicada a um marujo. O estopim para o início da revolta ocorreu quando Marcelino Rodrigues Menezes foi punido com 250 chibatadas sem direito a tratamento médico.
Além disso, há de se considerar que os contatos dos marujos no estrangeiro também fortaleceram essa insatisfação se considerarmos que outras Marinhas de outras nações não possuíam a mesma prática (de castigar fisicamente) com os marujos. Também se deve considerar que, cerca de um ano antes da revolta, o líder do motim, João Cândido, havia estado na Inglaterra e tido conhecimento dos acontecimentos do Encouraçado Potemkin, em que marujos russos rebelaram-se contra o governo de seu país.
Sobre a Revolta da Chibata, é importante considerar que ela não foi fruto apenas da insatisfação dos marujos com os castigos físicos. Os marujos, em geral, eram originários de famílias pobres, que sofriam com a desigualdade social existente na Primeira República. Assim, a Revolta da Chibata é considerada pelos historiadores também como uma revolta contra a desigualdade social e racial existente tanto na Marinha como na sociedade como um todo.
O motim
A Revolta da Chibata iniciou-se no dia 22 de novembro de 1910, conforme mencionado, após a punição a um marujo de nome Marcelino. Os marujos rebelaram-se e tomaram o controle de quatro embarcações da Marinha brasileira: Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Deodoro. Os marujos revoltosos exigiam do governo o fim dos castigos físicos; caso contrário, a capital seria bombardeada. A liderança desse motim foi realizada por João Cândido, o Almirante Negro
Os marujos revoltosos escreveram um manifesto que resumia as suas exigências e enviou-o para o gabinete do presidente da época, Hermes da Fonseca. Coincidentemente, no dia em que se iniciou a revolta, o presidente oferecia uma festa no Rio de Janeiro em comemoração a sua posse como presidente.
Não se sabe ao certo quem foi o responsável por redigir o manifesto com as exigências dos marujos, mas esse documento foi considerado muito bem escrito. Os historiadores apontam que provavelmente ele foi elaborado por Adalberto Ferreira Ribas. A respeito desse documento e das demandas solicitadas nele, a historiadora Sílvia Capanema afirma:
[…] era bem redigido e caligrafado, apresentava várias demandas objetivas – fim dos castigos corporais, aumento do soldo, substituição dos oficiais tidos como incompetentes, melhoria no nível de educação de alguns marujos – e resumia, de forma pensada, o espírito central dos marinheiros, que se apresentavam como “cidadãos brasileiros e republicanos” que não “suportavam mais a escravidão na Marinha”. Quanto aos aspectos materiais do texto, tudo indica que foi escrito – ou redigido – por alguém que dominava a caligrafia e tinha bela escritura|1|.
Pressionado tanto pelas ameaças dos marujos quanto de políticos, o governo de Hermes da Fonseca aceitou os termos propostos e pôs fim aos castigos físicos na Marinha em 26 de novembro de 1910 e prometeu anistia a todos os envolvidos. A promessa do governo não foi cumprida e, no dia 28 de novembro, um decreto dispensou cerca de mil marinheiros por indisciplina.
Após isso, uma segunda revolta na Marinha iniciou-se, dessa vez, no Batalhão Naval estacionado na Ilha das Cobras. Essa segunda revolta, no entanto, foi massacrada violentamente, e os envolvidos foram aprisionados e torturados nessa ilha. Outras centenas de marinheiros foram enviados para trabalhar em seringais na Amazônia e muitos foram fuzilados durante o trajeto.
O CANGAÇO
Quem nunca ouviu falar em Virgulino, o Lampião? Esse foi o principal nome de um movimento social ocorrido no sertão nordestino durante o fim do século XIX e início do século XX, denominado cangaço. Os cangaceiros, com seus chapéus de abas largas, roupas de couro enfeitadas, punhais e armas de fogo na cintura, atuaram em cidades dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
Esses grupos eram integrados, na maioria das vezes, por sertanejos jagunços, capangas e empregados de latifundiários (detentores de grandes propriedades rurais). Esse movimento está diretamente relacionado à disputa da terra, coronelismo, vingança, revolta à situação de miséria no Nordeste e descaso do poder público. Os cangaceiros aterrorizavam as cidades, realizando roubos, extorquindo dinheiro da população, sequestrando figuras importantes, além de saquear fazendas.
Com o fortalecimento do cangaço, as polícias estaduais não conseguiram inibir as ações dos cangaceiros, que eram temidos pela violência e crueldade durante os ataques, sendo necessária a participação da polícia federal. Esse comportamento despertou o respeito e a admiração a vários integrantes do movimento, que eram considerados heróis por parte da população em razão da bravura e audácia. Contudo, vários sertanejos temiam os cangaceiros, demonstrando total oposição aos “bandidos”.
Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, foi o cangaceiro de maior destaque. Seu apelido surgiu após um tiroteio noturno com a polícia, no qual Virgulino disparou tantos tiros que sua espingarda iluminou parte do ambiente, fazendo uma analogia a um lampião. Esse homem nasceu no dia 7 de julho de 1897, no sertão pernambucano, sendo um dos nove filhos de um casal (Maria Lopes e José Ferreira da Silva) muito pobre. Sua atuação no cangaço foi motivada pela situação econômica, perda da propriedade da família, além do assassinato do pai.
Lampião liderou um bando que atuou no sertão nordestino, confrontando coronéis, policiais e bandos rivais. Perseguido, Lampião acabou sendo assassinado em 1938, na divisa entre os estados da Bahia e de Sergipe. Com a sua morte, o cangaço perdeu força, no entanto, entrou para a história como um movimento de revolta contra o descaso dos órgãos públicos em relação ao sertão nordestino.
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